AH! Ah se pelo menos o pensamento não sangrasse! Ah se pelo menos o coração não tivesse memória! Como seria menos linda e mais suave minha história Cacaso
junho 22, 2013 às 4:30 pm | Publicado em Cacaso | 1 Comentário“Vejo o esquecimento como preparação no sentido de que vamos deixando as coisas aos poucos, permitindo que algumas coisas desapareçam, se tornem desimportantes para nós.”
junho 22, 2013 às 4:11 pm | Publicado em Ivan Grilo, Valter Hugo Mãe | Deixe um comentárioMétodo de Francês
novembro 4, 2012 às 8:41 pm | Publicado em Kavita Kavita | Deixe um comentárioTags: campo de são bento, elefantes, Kavita Kavita, niterói, sombras
Para Ingrid
As pessoas vem e vão
apressadas e os carros
correm enquanto as
lojas crepitam e só
nos dois sabemos
do sol morno dessa
manhã de sexta-feira.
Caminhamos asfixiados
pelas sombras dos
prédios e sentimos
luto pelas
casas que morrem.
Mas o almoço chega
e é lento menos
pros trabalhadores
que nos cercam:
eles tem relógios mas
nós dois desfazemos
ponteiros dentro da
claridade do dia.
Sentados no parque
– de barriga cheia –
sob as árvores sonolentas
converso com os
vestígios de sol ao
mesmo tempo que
vejo você soltar seus
elefantes na avenida
para que possam
esmagar cotidianos.
Você me mostra
livrarias que nunca fui.
Te compro um livro e
você rói a barra da
tarde folheando
um Schiele
enquanto digo que o
ideal seria a vida vadia
assim todos os
dias e com isso te
faço sorrir (as covinhas
que são tão você nas
fotografias) e a contração
das tuas bochechas faz
o mesmo som que faz
a manhã quando nasce.
A Palavra Seda
outubro 30, 2012 às 3:15 am | Publicado em joão cabral de melo neto | Deixe um comentárioTags: cabral, João cabral de Melo Neto, seda
A atmosfera que te envolve
atinge tais atmosferas
que transforma muitas coisas
que te concernem, ou cercam.
E como as coisas, palavras
impossíveis de poema:
exemplo, a palavra ouro,
e até este poema, seda.
não faz dormir, mas desperta;
nem é sedante, palavra
derivada da de seda.
E é certo que a superfície
de tua pessoa externa,
de tua pele e de tudo
isso que em ti se tateia,
nada tem da superfície
luxuosa, falsa, acadêmica,
de uma superfície quando
se diz que ela é “como seda”.
Mas em ti, em algum ponto,
talvez fora de ti mesma,
talvez mesmo no ambiente
que retesas quando chegas,
há algo de muscular,
de animal, carnal, pantera,
de felino, da substância
felina, ou sua maneira,
de animal, de animalmente,
de cru, de cruel, de crueza, que sob a palavra gasta
persiste na coisa seda.
(Quaderna, 1956-1959)
João Cabral de Melo Neto
Para um amor no Recife
outubro 30, 2012 às 3:01 am | Publicado em Paulinho da Viola | Deixe um comentárioTags: bem longe, ferida, noite, paulinho da viola
A razão porque mando um sorriso
E não corro
É que andei levando a vida
Quase morto
Quero fechar a ferida
Quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
O que restou da camisa
Colorida que cobria minha dor
Meu amor eu não esqueço
Não se esqueça por favor
Que voltarei depressa
Tão logo a noite acabe
Tão logo este tempo passe
Para beijar você
Paulinho da Viola
Até pensei
outubro 30, 2012 às 2:53 am | Publicado em Nana Caymmi | 1 Comentário
Junto à minha rua havia um bosque
Que um muro alto proibia
Lá todo balão caía
Toda maçã nascia
E o dono do bosque nem via
do lado de lá tanta aventura
E eu a espreitar na noite escura
A dedilhar essa modinha
A felicidade morava tão vizinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha
Junto a mim morava a minha amada
Com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia
De sonho e fantasia
A dona dos olhos nem via
Do lado de lá tanta aventura
E eu a esperar pela ternura
Que enganar nunca me vinha
Eu andava pobre
Tão pobre de carinho
Que, de tolo
Até pensei que fosses minha
Toda a dor da vida
Me ensinou essa modinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha
Nana Caymmi
O lado fatal
outubro 30, 2012 às 2:40 am | Publicado em Lya Luft | Deixe um comentário
O lado fatal I Quando meu amado morreu, não pude acreditar: II Muita gente veio e se foi. III Aquele de quem hoje falam e escrevem IV Deus Quando se foram também os médicos e suas V Insensato eu estar aqui, e viva. Vou à janela esperando que ele apareça Sei e não sei que tudo isso é impossível, Sobrevivo, mas pela insensatez. VI Pensei que estávamos apenas no começo: VII Tanto escrevi sobre a morte Mas agora que ela me dilacerou a vida, Dentro de mim um quebra-cabeças, e nele VIII O meu amado morreu: De algum secreto lugar me vem a força XIX Amado meu, agora morto, Amado meu, morto agora e para sempre vivo, X Nunca tivemos filhos juntos, e ele reclamava: “Nosso filho é a minha dor de hoje, Nosso filho é o meu tempo de agora XI O meu amor enveredou por sua morte XII Se me tivessem amputado braços e pernas XIII O meu amado morreu: XIV Estranha a vida: Estranha a vida: Estranho também esse amor, Estranho esse amor de agora, XV Não falem alto comigo: Façam silêncio ao meu redor. XVI Levo meu amado no peito XVII Amado meu, que tanto ensinaste quando se desfizer escura a noite desta perda, Amado meu, vivo em mim para sempre, Lya Luft |
Bobsó
junho 23, 2012 às 4:17 pm | Publicado em Danilo Crespo | Deixe um comentário Há um segundo atrás, havia três caminhos possíveis. Tanta esperança a dissipar. Um dia, uma semana, um mês. Perde um pouco de sentido a cada pirueta e marcha para o fim. A mesma respiração nervosa de pré-duelo para devaneios demais. Foi com uma conversa entre jovens adultos, com um pôr do sol ao fundo e os raios solares sobre os olhos lacrimejantes de todo mundo. Não se vê o inimigo, só sua silhueta.
O tempo demora uma eternidade, mas não uma eternidade qualquer. Demora uma eternidade disforme, contida na eternidade dos segundos antes de um beijo há muito esperado. Este tipo de eternidade é o caos: parece que eu estava acordado quando na verdade eu dormia. No calor do momento, escolhi todos os três caminhos.
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