Materiais (de Liturgia da matéria)

março 4, 2012 às 5:19 pm | Publicado em Paulo Henriques Britto | Deixe um comentário

A utilidade da pedra:
fazer um muro ao redor
do que não dá para amar
nem destruir.
A utilidade do gelo:
apaga tudo que arde
ou pelo menos disfarça.

A utilidade do tempo:
o silêncio.

Paulo Henriques Britto

Também nós queremos estar

março 4, 2012 às 5:18 pm | Publicado em João Barrento, Paul Celan | Deixe um comentário

Também nós queremos estar
onde o tempo diz a palavra-limiar,
o milênio emerge da neve, remoçado,
o olhar errante
descansa no seu próprio espanto
e cabana e estrela
vizinhas se destacam no azul,
como se o caminho já estivesse percorrido.

Auch wir wollen sein,
wo die Zeit das Schwellenwort spricht,
das Tausendjahr jung aus dem Schnee steigt,
das wandernde Aug
ausruht im eignen Erstaunen
und Hütte und Stern
nachbarlich stehn in der Bläue,
als wäre der Weg schon durchmessen.

Paul Celan: “Auch wir wollen sein” / “Também nós queremos estar”: tradução de João Barrento

Mar português

março 4, 2012 às 5:16 pm | Publicado em Fernando Pessoa | Deixe um comentário

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Jogos Florais

março 4, 2012 às 5:14 pm | Publicado em Cacaso | Deixe um comentário

I

Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá

Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre
a água já não vira vinha
vira direto vinagre

Jogos Florais

II

Minha terra tem palmares
memória cala-te já
Peço licença poética
Belém capital Pará

Bem, meus prezados senhores
dado o avanço da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.

(será mesmo com esses dois esses
que se escreve paçarinho?)

Cacaso

Nova Canção do Exílio

março 4, 2012 às 5:06 pm | Publicado em Ferreira Gullar | Deixe um comentário

Minha amada tem palmeiras
Onde cantam passarinhos
e as aves que ali gorjeiam
em seus seios fazem ninhos
Ao brincarmos sós à noite
nem me dou conta de mim:
seu corpo branco na noite
luze mais do que o jasmim
Minha amada tem palmeiras
tem regatos tem cascata
e as aves que ali gorjeiam
são como flautas de prata
Não permita Deus que eu viva
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
que se escondem em seus carinhos
sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos

Ferreira Gullar

O que é bom pro lixo é bom pra poesia. Manoel de Barros

março 4, 2012 às 5:03 pm | Publicado em Manoel de Barros | Deixe um comentário

março 4, 2012 às 4:58 pm | Publicado em William Shakespeare | Deixe um comentário

um bom poema

março 4, 2012 às 4:51 pm | Publicado em Paulo Leminski | Deixe um comentário

 
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
 
Paulo Leminski

Amor, então,

março 4, 2012 às 4:50 pm | Publicado em Paulo Leminski | 1 Comentário

também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

Paulo Leminski

P.Leminski

março 4, 2012 às 4:47 pm | Publicado em Paulo Leminski | Deixe um comentário
Próxima Página »

Blog no WordPress.com.
Entries e comentários feeds.